Encerramos o ano com um número elevado de mudanças. A nosso ver, o cenário se
deteriorou consideravelmente ao longo de novembro, desta vez de forma mais definitiva. Isso
nos deixa mais cautelosos em relação às indicações de ações.

A maior parte das ações listadas no Brasil caminha para encerrar o ano em queda.
Curiosamente, muitas dessas empresas devem encerrar o ano com aumento de lucros.
Diferentemente de crises passadas, observamos que os fundamentos estão presentes, e as
empresas continuam a surpreender positivamente. No entanto, o interesse por investir no
Brasil está diminuindo. Esse desinteresse se manifesta tanto no investidor estrangeiro, que
prefere mercados emergentes alternativos, quanto nos fundos de pensão, atraídos pelas
elevadas taxas de renda fixa. Também impacta o investidor institucional, que enfrenta saques
bilionários em seus fundos, e o investidor pessoa física, que, desiludido com a performance
da bolsa nos últimos anos, tem buscado alternativas de risco, como criptomoedas.

A falta de compromisso dos três poderes com o ajuste fiscal não começou em novembro de
2024, mas é agravada pelo crescimento significativo do estoque da dívida nos últimos anos,
especialmente durante a pandemia. Dado o nível elevado da dívida, quanto mais o tempo
passa, mais frágil a situação se torna. A reação dos mercados não é exagerada. Eles deram
dois anos para o novo governo demonstrar compromisso, mas as ações tomadas foram
tímidas e enfrentaram resistência interna.

Diante desse cenário, optamos por nos concentrar em empresas mais protegidas contra a
deterioração dos fundamentos, marcada por um câmbio mais desvalorizado e uma curva de
juros mais elevada.